É só coisa boa de comer... Mas...
Gordura hidrogenada: um perigo para nossa saúde
Desconfie dos alimentos sequinhos. Aqueles que são fritos, mas não ficam oleosos. A receita desse “milagre” chama-se gordura hidrogenada e, ao contrário do que pensa a maioria, faz muito mal à saúde.
Estudos recentes mostram que a esse tipo de gordura é pior que a saturada – de origem animal – do ponto de vista cardiovascular. A causa: ela “plastifica” os vasos, levando a infartos e derrames.
Quem garante é a endocrinologista Rosina Erthal Vilella, que pesquisa a assunto há anos e explica o mal que faz essa gordura, também chamada de “Trans”.
O problema, segundo ela, é que os alimentos hidrogenados não se resumem a frituras. Biscoitos, sorvetes, chocolate, macarrão de preparo rápido, chips e temperos prontos, só para citar alguns exemplos, fazem parte da grande lista.
E o preocupante, de acordo com Rosina, é justamente a variedade de alimentos que levam esse tipo de gordura, porque eles acabam sendo ingeridos por crianças, jovens, adultos e idosos.
“As pessoas estão sendo enganadas. Acreditam que estão comendo algo que faz bem, ou não faz tão mal para a saúde. E, na verdade, é justamente o oposto”, diz ela.
A gordura hidrogenada é uma gordura vegetal que foi criada pela indústria para ser uma alternativa à gordura saturada, a do bacon, da lingüiça, da picanha, etc. Mas como não existe gordura no mundo vegetal, somente óleos, foi criado, então, um processo de transformação desses óleos vegetais em gordura sólida.
Aí começa o problema. Os óleos são colocados em uma câmara com gás hidrogênio – daí o nome hidrogenada -, com alta pressão e alta temperatura e o resultado não seria bem visto – e muito menos comido – por ninguém.
Os óleos se transformam em uma pasta preta, com mau cheiro, que precisa ser alvejada para ficar sem cor e desodorizada para ficar sem cheiro.
“Ela deixa tudo crocante porque solidifica nos alimentos após a fritura, formando uma casquinha. Isso acontece também nos vasos, que ficam impedidos de se dilatar”, esclarece a endocrinologista.
Por isso, de acordo com a médica, está se tornando comum esportistas jovens sofrerem parada cardíaca durante a prática de qualquer esporte. “Durante a atividade física, o fluxo sangüíneo aumenta, mas o vaso não dilata para a passagem do sangue. É quando ocorre o infarto”.
Saiba mais.
Alguns alimentos que contêm gordura hidrogenada:
- Biscoitos. Praticamente todos, principalmente os recheados e os wafer;
- Chips;
- Batata-frita. Tanto as de pacote quanto as de fast-food;
Tortas e bolos. Prontos e semi-prontos (ficam bem fofos);
- Pães. Principalmente os de massa doce;
- Sorvete. A grande maioria, até mesmo os light. O sorvete hidrogenado é mais espumoso;
- Chocolate. Cuidado com os diet – são os piores;
- Leite. Os achocolatados prontos;
Margarina. Quanto mais dura pior;
- Fast-food. Usam essa gordura para todas as frituras porque ficam crocantes;
- Requeijão. Os que são muito cremosos;
- Pipoca de microondas;
- Temperos prontos, em tabletes ou em pó.
- Assunto é discutido no Primeiro Mundo.
As conseqüências do consumo desenfreado de gordura hidrogenada são pouco divulgadas no Brasil. O mesmo, porém, não tem ocorrido nos países desenvolvidos.
Em 1994, epidemiologistas da Universidade de Harvard atribuíram ao consumo da gordura hidrogenada até 100 mil mortes prematuras por ano nos Estados Unidos.
Desde essa época, eles pediram ao Foods and Drugs Administration (FDA) – órgão regulador de alimentos e medicamentos dos EUA – alterações nos rótulos nutricionais que informassem aos consumidores quanto de gordura Trans continha cada alimento. Nada foi feito.
Cientistas relacionaram o consumo dessa gordura vegetal a doenças metabólicas, ou à chamada Síndrome Metabólica – aumento da cintura abdominal, diabetes tipo 2, alterações dos lipídeos sangüíneos, hipertensão arterial e esteatose hepática (fígado gorduroso).
Origem.
A descrição dessa síndrome – inicialmente chamada de Quarteto da Morte, em 1984 – coincide com o início do uso maciço dos hidrogenados pela indústria alimentícia americana.
O epidemiologista-chefe da Escola de Medicina de Harvard, Walter Willet, diz no site www.transfreeamerica.org que a introdução dos hidrogenados na alimentação foi o maior desastre da história alimentícia nos EUA. Resultou numa epidemia de obesidade e demais doenças.
Em 2001, foi divulgado um estudo – feito com 84 mil enfermeiras, durante 14 anos – no qual ficou confirmado que a principal gordura relacionada ao diabetes e ao aumento do colesterol e triglicerídios era a hidrogenada.
No ano seguinte, cientistas americanos pediram um novo estudo. Queriam que ficasse claro o quanto de gordura hidrogenada uma pessoa poderia consumir por dia, sem prejudicar sua saúde. O resultado foi surpreendente: zero. Há relatos também da associação de hidrogenados com vários tipos de câncer.”
21 de jan. de 2010
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